Ação Popular Ataca Contrato Milionário de Cantor Sertanejo

     A sete (07) dias do show: advogados questionam cachê milionário de Gustavo Lima.

No dia 1º de setembro de 2025, os advogados Gilmar Pereira Santos e Josemar Pinheiro ingressaram com uma ação popular para anular o contrato firmado entre a Prefeitura de São Luís e o cantor sertanejo Gustavo Lima. O valor do contrato é de R$ 1.200.000,00, e o show está previsto para o dia 8 de setembro de 2025. O pedido de urgência foi distribuído à Vara de Interesses Difusos e Coletivos da comarca de São Luís, devido à proximidade da data do evento.

A ação questiona a contratação com base em indícios de disparidade abusiva nos valores, ausência de critérios objetivos e possível favorecimento político/pessoal, o que violaria os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 da Constituição Federal). Destaca-se que o cachê de Gustavo Lima é quase o dobro dos pagamentos feitos a outros artistas — geralmente entre R$ 500.000,00 e R$ 640.000,00.

A diferença exorbitante evidencia ausência de critério técnico ou razoabilidade econômica. Além disso, o valor se mostra manifestamente excessivo diante da realidade orçamentária municipal e dos parâmetros de mercado para eventos similares. Também chama atenção o fato de ter sido privilegiado um artista de fora, em detrimento dos talentos locais, que são conhecidos da comunidade e possuem reconhecimento regional. Tal escolha revela uma desconexão com as raízes e tradições culturais ludovicenses.

Enquanto artistas forâneos recebem cachês robustos, artistas locais enfrentam dificuldades, com apresentações esporádicas e atrasos nos pagamentos.


São Luís enfrenta graves desafios em 2025: infraestrutura urbana precária, mobilidade urbana deficiente, saneamento básico inadequado, desigualdade social e acesso limitado a serviços públicos. Essas mazelas intensificam a sensação de injustiça ao direcionar montantes vultosos da cultura para cachês questionáveis.


No dia 25 de maio de 2025, o Portal G1 Maranhão informou que a Justiça determinou que o Governo do Maranhão e a Prefeitura de São Luís garantam tratamento para doenças inflamatórias intestinais, em razão da falta de infraestrutura médica especializada.

Em 23 de novembro de 2024, o Jornal Nacional noticiou que 40% das moradias no Maranhão não têm banheiro, com São Luís em segundo lugar entre as capitais nordestinas nesse índice.

Diversos projetos legislativos já foram apresentados para regulamentar a contratação de artistas por entes públicos, mas sem sucesso até o momento. Um deles é o PL 3364/2025, de autoria do senador Alessandro Vieira, que pretende criar regras mais claras para essas contratações.

Ações populares e ações civis públicas movidas por cidadãos e promotores têm repelido esse tipo de contratação, por considerá-lo lesivo ao erário público e à coletividade em geral. Essas ações têm obtido êxito, resultando na suspensão de contratos e na condenação de agentes políticos pela prática danosa ao patrimônio público.

O administrador público Willyan Kayser da Rosa, em artigo intitulado “Gestores Públicos, entre a Vaidade e a Humildade”, explora como a vaidade excessiva pode transformar gestores em figuras arrogantes e distantes da realidade. Nesse contexto, a expressão “pão e circo” é usada como metáfora: oferecer entretenimento caro para distrair a população e mascarar os problemas reais. Contratar artistas forâneos caros para celebrar os 413 anos de São Luís, enquanto talentos locais são ignorados e a cidade enfrenta urgências estruturais, é visto como um desrespeito à sociedade.

Respostas de 4

  1. Excelente. Providencial sua atitude como operador do Direito. O município deveria se preocupar com assuntos sérios de interesse da coletividade.

  2. Um total absurdo um show de poucas horas arrancar do cofre do município um valor tão alto, tendo em vista inúmeras coisas onde essa verba pode ser aplicada, parabéns Dr Gilmar e Dr Josemar Pinheiro.

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