As histórias parecem narrações de sonhos, meio esfumaçadas, como o dia em que os meninos subiram ao céu junto com suas pipas e viajaram ao redor do mundo, as caçadas em companhia de animais amigos e a espera interminável do amor que nunca chegaria. Para tecer o emaranhado de enredos que compõem o livro “O menino que sonhava”, o escritor maranhense Gilmar Pereira Santos utilizou um único fio: a imaginação.
Editada pelo Banco do Nordeste, por meio do Programa Cultura da Gente, a obra traz nove contos sobre as aventuras vividas por crianças, basicamente. O que talvez mais chame atenção não seja o tema, já tão exercitado na Literatura Infantil, mas a maneira como é conduzido.
Utilizando linguagem objetiva e sem firulas, Gilmar, com a sinceridade de uma criança, narra histórias pitorescas ambientadas em Penalva (MA), onde ele nasceu, e em outros municípios da região maranhense dos lagos, como Cajari, Viana, Conceição do Lago Açu e Matinha. A descrição de rios, lagos, ilhas de água doce evidencia que a escolha do cenário não foi aleatória e que o autor quis fazer uso da matéria já conhecida.
As invenções somam-se às lembranças, que podem enganar quem ousa
descrevê-las, confundindo autobiografias. Gilmar, consciente da veracidade
desse fato, não se esquiva de admiti-lo logo na epígrafe, justificando-se com
o colombiano ganhador do Nobel de Literatura em 1982, Gabriel García
Márquez: “A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e
como recorda para contá-la”.
“Nas diversas brincadeiras, os personagens infantis buscam o sentido pela vida. Sonham na esperança de viver num mundo de fantasia e aventura”, afirma Gilmar. “O menino que sonhava” é literatura de gente grande, que, com seu realismo mágico de excelente qualidade, pode interessar muito mais a adultos saudosos da imaginação de outrora do que a crianças – elas mesmas já vivem o que o livro conta.
Sobre o autor
Gilmar Pereira Santos é advogado e colaborador do Banco do Nordeste desde 1982, exercendo a função na Gerência Estadual de Conaj, em São Luís. Foi um dos vencedores do Concurso Literário e Artístico “Cidade de São Luís”, promovido pela Fundação Municipal de Cultura, em 2005, ganhando o prêmio “Bandeira Tribuzi” com a reportagem “A Ilha Encantada”. Publicou, ainda, o livro “Nas Terras de Bom-que-dói”, selecionado pelo Programa Cultura da Gente em 2007.